Além das séries “Macunaíma”, “Circo”, “Amazônia’, “Tango”, “O Lobisomem e a Donzela”, nas quais se concentrou com mais afinco, Martins de Porangaba realizou muitos desenhos, pinturas ou técnicas mistas referenciadas em outros temas. Não são raras as obras cuja motivação encontra-se no ambiente familiar, no mundo da música, na natureza, particularmente de sua pequena cidade de origem, Porangaba, no universo feminino, no ateliê e no próprio ato de pintar, nas recordações da infância.
O elemento mais freqüente na obra de Martins de Porangaba é a figura da mulher, presente em quase todas as suas obras. A recriação do corpo feminino teve início nos anos 60, quando Martins freqüentou a Associação Paulista de Belas Artes. Voltou a ter sessões de modelo vivo em outras ocasiões como, por exemplo, em seu ateliê de Porangaba. A figura feminina faz parte de seu repertório de imagens, assim como a árvore, a casa, a ave, a lua.
A figura feminina, despida, inserida em ambientes externos ou internos, em descanso ou envolvida em atividades laborativas, confere à sua pintura uma envolvência poética e, nas últimas séries, um clima sensual e erótico. Porangaba vê e recria o corpo feminino como um suporte de significados e representações diversos, de naturezas cultural e social, mas, sobretudo, poética. Está longe de associá-lo a sentimentos de pecado, como acontecia na Idade Média; a idéias de segundo sexo. Aborda o assunto dentro da perspectiva social, cultural e artística da época em que suas pinturas foram criadas, ou seja, a partir dos anos 70.